quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A propósito da pesquisa documental na Itália - o Stato Civile


Durante as Guerras Napoleônicas (1792-1814), o norte e a região central da Itália foram invadidos e reorganizados como um novo Reino da Itália, um Estado vassalo  (um Estado que é econômica, política ou militarmente subordinado a um outro mais poderoso) do Império Francês, no qual Napoleão Bonaparte era o Rei. A capital estava em Milão, e abrangia principalmente as atuais regiões italianas da Lombardia, Emília-Romanha e, marginalmente, Vêneto e Toscana. A metade sul da península foi administrada primeiro por José Bonaparte e depois por Joachim Murat, respetivamente irmão e cunhado de Napoleão, que foram coroados como reis de Nápoles.

Por isso, a partir de 1806, com a anexação dessas regiões ao Império Francês, foi introduzido, na Itália, o Código Civil e o Registro Civil Napoleônico, que permaneceu em vigor até 1815. Esse Registro Civil foi organizado com base no modelo francês , com anotações de nascimentos, casamentos e atestados de óbito.



Após a queda do Império Napoleônico (com o fracasso na Batalha de Waterloo), esse sistema de registro civil foi abolido e os documentos dessa época foram depositados nos arquivos estatais.

A Itália contemporânea só veio a nascer como um Estado unitário em 17 de março de 1861, quando a maioria dos estados da península e as duas principais ilhas foram unidas sob o governo do rei da Sardenha Vítor Emanuel II da Casa de Saboia (o arquiteto da unificação da Itália foi o primeiro-ministro da Sardenha, conde Cavour, que apoiou - embora não reconhecendo diretamente - Giuseppe Garibaldi, o que permitiu a anexação do Reino das Duas Sicílias pelo Reino da Sardenha-Piemonte).

Em 1866 a Itália anexou o Vêneto, até então em posse do Império Austríaco e conquistou Roma em 1870. Mas a unificação italiana só se completou depois dos tratados de paz, após a Primeira Guerra Mundial, com com a anexação do Trentino, Trieste, a Ístria e Fiume.

Portanto, o Registro Civil Italiano só foi instituído em 1865/66 em todos os municípios italianos. Como conseqüência, há uma grande dificuldade para se conseguir documentos relativos a fatos que ocorreram entre 1815 até 1866, uma vez que eles se encontram arquivados nos respectivos comunes, em situações particulares, que nunca se sabe ao certo quais são.


A título de curiosidade, nessa época do Stato Civile Napoleonico, e, em se tratando de nossa família Simionato, no Comune di Zermán e Bonisiolo, em Treviso, nosso antenato GIROLAMO SIMIONATO era o Ufficiale dello Stato Civile.
Assim, em todos os documentos assinados por ele, naquela época e local, a divisão administrativa era descrita assim: assim:
Regno d'Italia, Dipartimento del Tagliamento, Distretto di Treviso, Canton di Treviso, Comune di Zerman e Bonisiol.
Regno d'Italia, Dipartimento del Tagliamento, Distretto di Treviso, Canton di Treviso, Comune di Zerman e Bonisiol.

Texto escrito por: Lucy Woellner dos Santos – Socióloga (UFPR), com especialização em Planejamento Governamental (IPEA) e em História (UEL). Mestre em administração/Organizações e Gestão e Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC.